segunda-feira, 1 de abril de 2013

chevrolet sonic hatch

O que é bom para o Brasil é bom para os Estados Unidos? Pode ser, pelo menos em se tratando da fórmula adotada pela GM no caso do Sonic, o carro que tem a missão de convencer os americanos de que menos (tamanho e consumo) é mais (economia e sustentabilidade). Mais sobressaltados com o preço do petróleo e um pouco menos com a saúde do planeta, os americanos começam a se interessar por carros compactos e econômicos, modelos que antigamente eles consideravam coisa para mercados em desenvolvimento como o nosso. O Chevrolet Sonic hatch, o primeiro compacto concebido pela GM para ser vendido tanto lá como aqui, no México e em outros cantos do planeta, é o exemplo acabado desse novo cenário.

Até a apresentação do Sonic, em janeiro de 2011, em Detroit, havia na indústria americana a crença de que nenhuma empresa seria capaz de produzir um veículo pequeno nos Estados Unidos e ganhar dinheiro com isso. Agora o Sonic tem a missão não só de dar lucro mas também de polir a imagem da GM, desgastada pelas dificuldades que tem enfrentado nos últimos tempos.

Painel de moto 
O Sonic americano é produzido na fábrica de Lake Orion, nos arredores de Detroit, Michigan, enquanto o nosso virá da unidade Mexicana de Ramos Arzipe, com isenção de impostos. A previsão é de que ele seja lançado no México no início de 2012 e aqui ainda no primeiro semestre.

O Sonic é cria do Centro de Desenvolvimento da GM em Bupyeong, nos arredores de Seul, sob coordenação da norte-americana Kathy Sirvio, a diretora de design da marca. Seu visual foi bem trabalhado, com atenção aos detalhes. Por fora, suas linhas são bem definidas, com vincos, volumes e boas sacadas, como as maçanetas disfarçadas nas portas traseiras e os faróis dianteiros com quatro refletores, no lugar da convencional peça única sob uma lente de policarbonato. Por dentro, o painel lembra os instrumentos das motocicletas (com destaque para o conta-giros analógico à esquerda e, do outro lado, o velocímetro digital, banhados pela típica cor azul da marca).

Apesar do desenho moderno, fica claro que a ideia não foi conceber um modelo luxuoso, mas prático. Isso explica os plásticos rígidos imitando metal no painel. Ou os bancos de tecido com regulagem manual da versão LS, mostrada aqui, os quais se parecem muito com os do Agile - longe de ser uma referência quando o assunto é conforto.

Na disputa que travará entre os hatches, o Sonic larga com bom espaço interno. Tem 2,56 metros de entre-eixos, uma das maiores da categoria. Só para comparar, o Ford New Fiesta hatch, por exemplo, tem 2,49 metros. No Brasil, onde a população não consome tantas calorias como o norte-americano de classe média, alvo do hatch da Chevrolet por lá, é o suficiente para acomodar quatro adultos sem aperto para pernas e cabeças - e até um quinto passageiro, com um pouco de boa vontade de todos. 

Para driblar a desconfiança de consumidores norte- americanos de que um hatch poderia não ser suficientemente seguro como um carro grandalhão (ainda mais com seus freios a tambor, nas rodas traseiras), a Chevrolet tratou de fabricar seu Sonic nos Estados Unidos com nada menos que dez airbags e reforçou a segurança ativa. O Sonic que dirigimos tinha controle de estabilidade e tração, ABS e sistema para monitorar a pressão dos pneus. Esse pacote de equipamentos ajudou-o a conseguir uma boa nota quando foi submetido aos testes do IIHS, o Instituto para Segurança em Autoestradas, dos Estados Unidos, que considerou o modelo excelente nas provas de colisão frontal e lateral e capotamento. Por aqui, a oferta de itens de segurança deverá ser mais contida, até porque nossa legislação é bem menos exigente. Mas, como o Sonic deve custar mais caro que um Agile LTZ, porque será posicionado num patamar superior, pode-se esperar que ele apresente pelo menos airbags frontais e ABS como itens de série (artigos que passam a ser obrigatórios em todos os carros a partir de 2014). E entre os equipamentos de conforto e conveniência pode-se incluir ar-condicionado, trio elétrico, computador de bordo, piloto automático, CD player e rodas de liga leve, recursos também encontrados na versão americana.

Suspensão esportiva 

Nos Estados Unidos, o Sonic foi à luta com duas opções de motores: 1.4 Turbo, de 140 cv, e 1.8 Ecotec, de 137 cv. Por aqui, há quem aposte que teremos o 1.4 Turbo. Mas o 1.8 Ecotec parece ser o candidato mais forte. Ele é o mesmo que equipa o Cruze, que já está entre nós em versão flex, com 144 cv com etanol. A unidade avaliada na Califórnia era 1.8, equipada com câmbio manual de cinco marchas. Segundo a fábrica, ele acelera de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos e atinge 185 km/h de velocidade máxima. Em que pese o fato de ser relativamente "obeso" (ele tem 1 217 kg, enquanto um rival como o New Fiesta pesa 1 145 kg), ele se mostrou rápido nas ruas e estradas de Los Angeles.

Pontos positivos foram a direção leve para manobras na cidade e a suspensão mais rígida, com uma pegada mais para esportivo que para confortável. Segundo a GM, o Sonic tem esse comportamento dinâmico porque foi projetado para "consumidores de espírito jovem, que apreciam a esportividade". Para atender a essa expectativa, o projeto contou com a colaboração do mesmo grupo de engenheiros que trabalharam nas últimas gerações do superesportivo Corvette, o ícone da Chevrolet.

No Brasil, a GM deve atenuar essas características esportivas da direção e da suspensão porque ela não quer vender o carro apenas para os mais jovens. Portanto, pode-se esperar um carro mais confortável. De qualquer modo, a calibragem esportiva foi a única ousadia do projeto original, uma vez que na hora de ajustar o motor prevaleceu a racionalidade, na busca do melhor rendimento, com economia. Em uma medição informal, com o computador de bordo do carro, conseguimos as médias de 11 km/l de gasoline na cidade e 14,9 km/l na estrada.

Bonito, espaçoso e equipado, o Sonic tem dotes para se dar bem em nosso mercado. Mas seu destino dependerá do preço. Nos Estados Unidos, ele custa entre 14 000 e 18 000 dólares, ou seja, de 25 900 a 33 300 reais. Por aqui, terá de chegar na faixa de New Fiesta e VW Polo, que custam entre 44 000 e 50 000 reais. Nessa categoria, ele vai mostrar se o que é bom para os EUA é bom para o Brasil.


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